Last update:08:25:23 AM GMT

Headlines:
You are here: Publications Press-releases, Articles & Reports Mensagem de fim de ano de sua excelência José Eduardo Dos Santos, Presidente da República de Angola
 
top1en
 
Angola

Mensagem de fim de ano de sua excelência José Eduardo Dos Santos, Presidente da República de Angola

Print
There is no translation available, please select a different language. Português 

(LUANDA, 29/12/2008)

POVO ANGOLANO, CAROS COMPATRIOTAS,

Mais um ano se passou e, como habitualmente nesta data, desejo compartilhar com todos vós algumas reflexões sobre o período que acabámos de viver e sobre o futuro que se abre à nossa frente.
Neste ano de 2008 assistimos à participação maciça e exemplar dos cidadãos nas Eleições Legislativas e temos agora a certeza de que a grande maioria dos Angolanos apoia sem reservas a política de reconstrução nacional e de desenvolvimento que está em curso.

Para a completa normalização da vida política nacional falta-nos agora aprovar a nova Constituição da República e realizar as Eleições Presidenciais.

Esta participação consciente do cidadão comum na vida nacional foi importante e desejamos que ela seja complementada com a revalorização do seu lugar no seio da sua família, do seu trabalho e da sua comunidade mais próxima, de modo a criarmos uma sociedade mais justa e equilibrada.

Um país é feito de pessoas, compreendidas tanto na sua individualidade como no seu papel de agentes sociais.

Por essa razão, é importante que os actuais avanços políticos, económicos e institucionais da Nação se façam sentir também no plano social e no plano da mudança de mentalidades.

O Estado deve ser um agente dinamizador da transformação espiritual, em particular no resgate dos valores éticos e morais que, ao longo dos muitos anos de conflito, deram lugar a uma mentalidade imediatista e egoísta no seio da nossa sociedade.

Mas não poderá haver mudanças profundas e duradouras se estas não tiverem na base, como eixo central e estruturante, a própria família.

Não haverá desenvolvimento real nem modernização do país sem famílias estruturadas e saudáveis, capazes de favorecer o florescimento das novas gerações.

É necessário que o Estado encontre na sociedade e nas famílias aliados e parceiros, conscientes da tarefa que temos nas nossas mãos.

Nenhum esforço é demasiado para resgatar a dignidade e a integridade moral e espiritual das nossas famílias.

Estou a referir-me ao estímulo aos valores e atitudes construtivas dos jovens, ao aproveitamento das suas potencialidades intelectuais e ao combate ao consumo desregrado de álcool, ao consumo de drogas e a todas as práticas anti-sociais.

Estou a referir-me também ao fortalecimento do papel dos pais e dos professores, como agentes fundamentais da educação e formação da nossa juventude, que devem assentar no conhecimento científico e no conhecimento da nossa História e dos valores positivos da nossa cultura.

Os pais e professores devem estar mais presentes, mais solidários e bem preparados para as suas responsabilidades comuns.

Estou a referir-me ainda à violência doméstica, em particular à violência contra a mulher, mais frequente e ainda pouco denunciada na nossa sociedade, bem como a todas as formas de abuso contra a integridade física e psicológica da criança, que devemos combater sem vacilar.

É preciso rever certos hábitos e tradições, principalmente no contexto da vida urbana, para defender sem reservas o estatuto da família bem estruturada, onde predomine o amor, a compreensão e o respeito recíproco, a cooperação e a igualdade de direitos, e se aceite a reprodução planeada e a paternidade responsável.

Quer na esfera familiar e nas relações económicas e Sociais, quer no âmbito da administração pública, temos de defender acima de tudo o princípio de que a Lei deve ser respeitada por todos, combatendo tanto o abuso de poder e todas as práticas ilícitas como o desrespeito pelas hierarquias estabelecidas.

Estamos a construir uma sociedade democrática. Na verdadeira democracia existem princípios e regras que temos de respeitar.

A liberdade individual e colectiva e a igualdade de todos perante a Lei são direitos invioláveis que nos permitem agir e contribuir para o bem comum.

Mas para cada direito há um dever, que deve ser cumprido com responsabilidade e que não distingue a cor, o credo religioso, a filiação partidária, o sexo ou a idade do cidadão.

Temos também de resgatar o valor do trabalho e de promover o espírito empreendedor e o reconhecimento do mérito como factores da transformação económica e da ascensão social e como fonte legítima da prosperidade, cerrando fileiras contra o grande mal da corrupção, tanto activa como passiva.



Caros compatriotas,

A economia mundial vive a maior crise desde os anos 30 do século passado. As economias mais fortes do mundo entraram em desaceleração e apresentam evidentes sinais de recessão.

Verifica-se, assim, uma forte queda do crescimento da actividade económica, fundamentalmente nos Estados Unidos da América e na Europa, que está a afectar as economias dos países africanos.

As receitas destes países estão a diminuir significativamente, porque as economias mais desenvolvidas estão a consumir cada vez menos matérias-primas.

Aumentou a oferta desses produtos no mercado e os seus preços estão a baixar.

No nosso caso, o preço do petróleo e dos diamantes tem estado a descer muito, exigindo do nosso Governo acções que visem o reajustamento do Orçamento Geral do Estado e de algumas metas do Plano Nacional para 2009.

Esse ajustamento, no entanto, não vai modificar a estratégia nem os objectivos estabelecidos no domínio económico e social.

Isto é, o Governo fará tudo para manter a estabilidade política e macroeconómica e continuará a realizar investimentos públicos significativos na reabilitação e construção de infra-estruturas, criando emprego e as condições para o crescimento da produção, na base do aproveitamento racional dos nossos recursos naturais e respeitando o equilíbrio entre a economia e a ecologia.

O crescimento do emprego e a melhoria da remuneração do trabalho farão crescer a procura e, por essa razão, o Governo vai estimular e incentivar o investimento privado na produção, para aumentar a oferta de bens e serviços, e vai também desenvolver uma política adequada de investigação científica e de formação e gestão dos recursos humanos.

Deste modo, e apesar das consequências que Angola possa sofrer por causa da crise económica mundial, pretendemos manter o nosso modelo de desenvolvimento sustentável e a tendência de forte crescimento económico, com a geração de empregos e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e das famílias angolanas.

As conquistas que já obtivemos na reconstrução fisica e material do nosso país são expressivas e serão ainda maiores nos anos que se seguem, se formos capazes de reconstruir também as mentalidades. A hora de começarmos a construir uma nova mentalidade é esta.

Um novo país está a nascer e com ele há-de florescer também um cidadão novo. Tenho plena confiança nas nossas capacidades para juntos combatermos por uma cidadania plena e activa.

Esse novo combate exige não só humildade no reconhecimento dos nossos erros e limitações, mas também empenho e compromisso no fortalecimento das nossas virtudes e qualidades.

A todos os Angolanos deixo aqui expresso o meu apelo à união e ao trabalho, com votos de dias mais felizes.


DESEJO A TODAS AS FAMÍLIAS ANGOLANAS UM PRÓSPERO ANO NOVO!

Sector da imprensa i cultura,
29.12.2008